O filme já te pega na primeira cena
Baseado no livro homônimo de Lionel Shriver, “Precisamos falar sobre o Kevin” mostra o relato de uma mãe, cujo filho cometeu uma chacina, matando 11 pessoas pouco antes de completar 16 anos. É um mergulho nas angústias de Eva (Tilda Swinton), que faz sua via sacra em busca de redenção para sua culpa e os pecados cometidos pelo filho.
Eva, que era uma escritora de guias de viagens, relembra a sua vida, enquanto tenta reestruturar o que restou dela em meio aos olhares de reprovação e os ataques constantes daqueles que antes eram amigos, pais das crianças assassinadas por Kevin (Ezra Miller). Ela também visita o filho insistentemente na prisão, mesmo que seja extremamente doloroso e eles não conversem nos encontros.
A diretora Lynne Ramsey não perde tempo. Na primeira cena, com uma multidão encharcada de molho de tomate, já se sente um doce incômodo. Essa estética mesclando desconforto e beleza se perpetua em cada nova imagem criada pelo diretor de fotografia, Seamus McGarvey (“As Horas”, “Desejo e Reparação”).
Eva, que era uma escritora de guias de viagens, relembra a sua vida, enquanto tenta reestruturar o que restou dela em meio aos olhares de reprovação e os ataques constantes daqueles que antes eram amigos, pais das crianças assassinadas por Kevin (Ezra Miller). Ela também visita o filho insistentemente na prisão, mesmo que seja extremamente doloroso e eles não conversem nos encontros.
A diretora Lynne Ramsey não perde tempo. Na primeira cena, com uma multidão encharcada de molho de tomate, já se sente um doce incômodo. Essa estética mesclando desconforto e beleza se perpetua em cada nova imagem criada pelo diretor de fotografia, Seamus McGarvey (“As Horas”, “Desejo e Reparação”).
A atuação de Tilda Swinton está impecável
Destaque para Tilda e sua atuação impecável. Toda a inquietação da mãe é passada cruamente. A não aceitação da gravidez, a dificuldade em cuidar do bebê, chegando ao ponto de descansar ao lado de uma britadeira para não ouvir o choro, as várias investidas em se aproximar do filho, tentando conquistar o seu amor. Apesar de todo esse esforço é visível a crescente preocupação dela com Kevin, pois Eva sabe que há algo de errado com ele.
Por sua vez, Kevin é carinhoso com o pai, Franklin (John C. Reilly), que o ensina a atirar com o arco e flecha e brinca com sua irmã, Celia (Ashley Gerasimovich), apesar de ao lado da mãe maltratá-la constantemente. A semelhança entre Eva e Kevin é nitidamente visível e o distanciamento entre os dois transparece a sua forte união, como se quando o pai chegasse, Kevin vestisse uma máscara de bom filho, mas com a mãe se mostrasse como realmente é.
O filme a todo tempo dialoga com o público. Ramsey estimula o público a sair do papel de mero espectador e interagir, preenchendo os espaços vazios deixados ao longo da história. Todas as perguntas não têm respostas fáceis, autoexplicativas, cabendo uma gama de interpretações nessas lacunas.
Os três Kevins junto com a mãe
A desconstrução dos diálogos, como se você ouvisse várias conversas fragmentadas tentando dar um sentido a tudo aquilo, na verdade é apenas o relato de uma pessoa extremamente abalada emocionalmente, revisitando suas memórias em busca de um porquê, onde Eva errou.
“Precisamos Falar Sobre o Kevin” é a história de uma mãe tentando limpar todo o sangue derramado pelo filho, assumindo a culpa pelos seus atos, uma mãe que não entende por que, mesmo depois de todas as monstruosidades cometidas por Kevin, ela não consegue odiá-lo, mas ao mesmo tempo também não consegue perdoá-lo. É perturbador. E isso é ótimo.
Confira o trailer:
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