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Cássia Eller (Cássia Rejane Eller) nasceu no Rio de Janeiro em 10 de dezembro de 1962. O pai, militar, foi responsável por constantes mudanças de endereço, o que resultou em uma mistura de culturas e ritmos, estilos que acompanham suas obras.
Cantar sempre foi o sonho de Cássia. Um sonho que começou cedo, após ganhar um violão de presente, desde então se empenhou e se apresentou em todos os palcos que lhe foi dada a oportunidade, onde tirou bastante conhecimento da música. Foi a partir de 1989 que Cássia começou sua carreira no mundo da música. Ela Gravou em São Paulo, uma fita demo com seu tio que foi seu primeiro empresário. O primeiro sucesso na voz de Cássia foi a música “Por Enquanto” do Renato Russo.
Cássia assinou contrato com a gravadora e seu primeiro disco foi lançado em 1990. Depois disso o talento e a voz de Cássia não pararam mais por todo o país, onde apresentou a mulher maravilhosa que, por trás dos microfones, mostrava ao público a sua timidez e nas letras a rebeldia quase adolescente.
Cássia Eller, cantora de MPB e Rock, que gritou para o Brasil a sua voz rouca e encantadora, que mostrou e impôs respeito, conquistou seu espaço (indiferente da sua sexualidade), fez sucesso e mostrou que talento e caráter não são alterados por sua orientação sexual. Carioca, com a mistura do Brasil pelo sangue, a mistura de quem viveu bastante e batalhou como qualquer outra para alcançar o que sonhava, mostrou para o público quem era e que gostava, sim, de mulher. Todos sabiam, seu cabelo raspado e seu jeitão não deixavam dúvida alguma, mas foi pela sua voz que milhares de pessoas pararam para escutar. O público admirou e respeitou, independente de qualquer outra coisa!
Cassia teve seu filho com o baixista Tavinho Fialho, batizado de Francisco (“Chicão”). Seu filho era criado pela sua companheira Maria Eugênia, que passou 14 anos ao lado da cantora, ajudando e criando o Chicão. Enquanto Cássia viajava para fazer shows, Maria Eugênia era a mãe que sempre esteve ao lado de Chicão.
Depois da morte de Cássia Eller, pela primeira vez no Brasil, a justiça concedeu a uma mulher a guarda do filho de sua companheira. Apesar de sua união homossexual não ser reconhecida em lei, o juiz Leonardo Castro Gomes, da 1ª Vara da Infância e Juventude, do Rio de Janeiro, definiu que Chicão deveria ser criado por Eugênia, considerando-a a pessoa mais importante para ele.
Ainda fico feliz em ler essa reportagem que aconteceu em 2001. Vejo a importância do reconhecimento do amor de uma mãe para com um filho, acima de qualquer paradígma de família, a decisão de um futuro cheio de amor com a pessoa que merecia essa guarda. Não que a família de Cássia não merecesse, mas foi a sua companheira Eugênia quem esteve junto e presente na vida de seu filho Chicão, todo momento!
“(…) Já que não me entendes, não me julgues, não me tentes.” Cássia Eller.
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“Ele leva na boa. A gente nunca parou um dia e contou pra ele. Vivemos nossa vida desde que o Chicão nasceu. Ele sabe de tudo da gente e convive bem com isso, não mentimos. Ele é respeitado na escola também. Eu já cansei de procurar saber. Muitas vezes neguinho faz piadinha e ele nem liga, balança os ombros e sai andando. Acho bacana porque ele se impõe. O Chicão adora a nossa relação, minha e da Eugênia. Fica feliz em ver nós duas juntas, dá para perceber isso. É muito legal.”
“Tem que ter muita paciência, respeito. Claro que cobramos fidelidade uma da outra, pra caramba. E tem que ter vontade de estar junto! Não consigo me imaginar sem ela.”
Entrevista: Terra
Fonte: PapoDelas