quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Cássia Eller - talento, amor e revolução





Cássia Eller (Cássia Rejane Eller) nasceu no Rio de Janeiro em 10 de dezembro de 1962. O pai, militar, foi responsável por constantes mudanças de endereço, o que resultou em uma mistura de culturas e ritmos, estilos que acompanham suas obras.

Cantar sempre foi o sonho de Cássia. Um sonho que começou cedo, após ganhar um violão de presente, desde então se empenhou e se apresentou em todos os palcos que lhe foi dada a oportunidade, onde tirou bastante conhecimento da música. Foi a partir de 1989 que Cássia começou sua carreira no mundo da música. Ela Gravou em São Paulo, uma fita demo com seu tio que foi seu primeiro empresário. O primeiro sucesso na voz de Cássia foi a música “Por Enquanto” do Renato Russo.

Cássia assinou contrato com a gravadora e seu primeiro disco  foi lançado em 1990. Depois disso o talento e a voz de Cássia não pararam mais por todo o país, onde apresentou a mulher maravilhosa que, por trás dos microfones, mostrava ao público a sua timidez e nas letras a rebeldia quase adolescente.

Cássia Eller, cantora de MPB e Rock, que gritou para o Brasil a sua voz rouca  e encantadora, que mostrou e impôs respeito, conquistou seu espaço (indiferente da sua sexualidade), fez sucesso e mostrou que talento e caráter não são alterados por sua orientação sexual. Carioca, com a mistura do Brasil pelo sangue, a mistura de quem viveu bastante e batalhou como qualquer outra para alcançar o que sonhava, mostrou para o público quem era e que gostava, sim, de mulher. Todos sabiam, seu cabelo raspado e seu jeitão não deixavam dúvida alguma, mas foi pela sua voz que milhares de pessoas pararam para escutar. O público admirou e respeitou, independente de qualquer outra coisa!


Cassia teve seu filho com o baixista Tavinho Fialho, batizado de Francisco (“Chicão”). Seu filho era criado pela sua companheira Maria Eugênia, que passou 14 anos ao lado da cantora, ajudando e criando o Chicão. Enquanto Cássia viajava para fazer shows, Maria Eugênia era a mãe que sempre esteve ao lado de Chicão.

Depois da morte de Cássia Eller, pela primeira vez no Brasil, a justiça concedeu a uma mulher a guarda do filho de sua companheira. Apesar de sua união homossexual não ser reconhecida em lei, o juiz Leonardo Castro Gomes, da 1ª Vara da Infância e Juventude, do Rio de Janeiro, definiu que Chicão deveria ser criado por Eugênia, considerando-a a pessoa mais importante para ele.

Ainda fico feliz em ler essa reportagem que aconteceu em 2001. Vejo a importância do reconhecimento do amor de uma mãe para com um filho, acima de qualquer paradígma de família, a decisão de um futuro cheio de amor com a pessoa que merecia essa guarda. Não que a família de Cássia não merecesse, mas foi a sua companheira Eugênia quem esteve junto e presente na vida de seu filho Chicão, todo momento!

“(…) Já que não me entendes, não me julgues, não me tentes.” Cássia Eller.


“Eu não sei me definir. Nunca soube muito bem dizer quem eu sou. Só sei que sou alguém que gosta de escutar todo tipo de música. Gosto de música em geral. Gosto demais de blues e rock e também gosto de baladas. A música clássica também me comove. Na verdade, escuto de tudo. Meu repertório surge a partir do momento que estou vivendo.”


“Ele leva na boa. A gente nunca parou um dia e contou pra ele. Vivemos nossa vida desde que o Chicão nasceu. Ele sabe de tudo da gente e convive bem com isso, não mentimos. Ele é respeitado na escola também. Eu já cansei de procurar saber. Muitas vezes neguinho faz piadinha e ele nem liga, balança os ombros e sai andando. Acho bacana porque ele se impõe. O Chicão adora a nossa relação, minha e da Eugênia. Fica feliz em ver nós duas juntas, dá para perceber isso. É muito legal.”


“Tem que ter muita paciência, respeito. Claro que cobramos fidelidade uma da outra, pra caramba. E tem que ter vontade de estar junto! Não consigo me imaginar sem ela.”

Entrevista: Terra
Fonte: PapoDelas

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